A linguagem da Literatura de Cordel é a linguagem do povo e os poetas dessa literatura eram tão simples quanto às pessoas que compravam esses folhetos. Enquanto literatura oral, a poesia popular já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil, o cordel chegou trazido de Portugal, onde era vendido como “folhas soltas”, mas foi com o poeta Leandro Gomes de Barros, nascido em Pombal, que ele ganhou notoriedade. Foi ele quem primeiro passou a editar e comercializar, no final do século XIX, o folheto na forma tal como temos atualmente, por isso, é considerado o patriarca dessa expressão popular e a Paraíba é tida como berço da Literatura de Cordel.
Os próprios poetas escreviam e
confeccionavam as capas dos folhetos, utilizando uma técnica de impressão
chamada Xilogravura. O Cordel era vendido nas barracas das feiras livres,
pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair
os compradores. Ele já foi, no interior do nordeste, o jornal, a música, e,
muitas vezes, o único contato com a leitura, servindo também para
alfabetização. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no nordeste
poetas de expressão como Patativa do Assaré e revelar a música de Luiz Gonzaga
(DINIZ, 2005).
Segundo Vera Teixeira de Aguiar no
texto Adaptar para Ler, “adaptar
significa adequar a situação ao sujeito que vai vivenciá-la” (2001, p. 74) e
assim era feito pelos cordelistas que liam as obras clássicas e as adaptavam em
folhetos, facilitando o acesso à leitura dessas obras para os nordestinos. De acordo com Renato
Carneiro Campos:
São estórias que quebram a solidão
do trabalhador rural, ajudando-o ao mesmo tempo, a suportar a sua miséria
atual, por um mecanismo de projeção que o identifica com os heróis da
narrativa. Costumam ser lidos e relidos nos momentos de folga do trabalhador,
por algum membro da família, por um amigo, ou qualquer pessoa da localidade que
saiba ler. Na verdade, constituem esses livrinhos vendidos nas “feiras” do
Nordeste Brasileiro, verdadeiro documentário de costumes da nossa gente rural.
Neles estão registradas as impressões do povo a respeito de acontecimentos
sucedidos no município, no Estado, em todo o país. É a maneira de ver e
analisar os fatos sócias, políticos e religiosos, da gente rude do interior
nordestino, fotografada nas páginas dos folhetos, denunciando costumes,
atitudes, preferências e julgamentos. (CAMPOS,1977, p. 10).
A Literatura de
Cordel é um gênero de grande importância para o Nordeste, além de retratar o
cotidiano do nordestino era uma forma de compensar as dificuldades sofridas
pela população. Bernardo Jefferson de
Oliveira (2003) em O carteiro, o
professor e o poeta, trata dessa importância da poesia na vida das pessoas,
pois é uma forma de se ir além dos problemas da vida, uma espécie de fuga e
realização. Muitos folhetos contam histórias de heróis que vencem pela
esperteza e tratam a inteligência como fator de adaptação do indivíduo ao meio
ou situações difíceis, sendo capaz de vencer questões aparentemente impossíveis
de serem vencidas pelo ser humano. Esta forma de astúcia não é adquirida na
escola, mas da própria experiência de vida. Dessa maneira os leitores
conseguiam se identificar com o personagem “falso oprimido” que geralmente eram
os grandes heróis.
Foi verificado no próprio PPP da escola
que a mesma tem o objetivo de proporcionar ao aluno o contato com diversos tipos
de leitura. Trabalhando com o Cordel em sala de aula, proporcionamos mais um
tipo de leitura para o desenvolvimento crítico-argumentativo dos alunos.
É certo que o ato de ler é efetivado na
Escola e que a leitura é o “carro chefe que nos leva ao conhecimento”. Assim, a
Escola tem um papel fundamental de conduzir o educando ao universo da leitura.
Levar a Literatura de Cordel até a escola
significa oferecer um importante e motivante meio de educação aos alunos do
Ensino Fundamental e Médio. Através da poesia popular, o aluno pode conhecer
aspectos de um espaço geográfico e cultural particular do Brasil, o nordeste,
pois o cordel retrata a cultura, o cotidiano, a realidade de um povo e também
pode retratar qualquer outro assunto. Ter o cordel na escola pode representar
um passo extremamente valioso para o devido conhecimento e resgate desse tipo
de Literatura. Por fim, trabalhos como esses proporcionam aos alunos a
oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade dessa cultura.
O cordel pode conduzir o leitor a uma
viagem fascinante, a um universo textual completamente diferente do habitual,
onde a rima é um dos elementos que atrai e desperta a curiosidade, além de
aflorar a sensibilidade artística.
“O Cordel em sala de aula”: Execução
Nesse projeto traçamos diversos
objetivos, tais como: envolver o educando em um estudo voltado à Literatura de
Cordel, abordando sua estrutura literária e seu contexto histórico; relacionar
a cultura popular e a sociedade; estimular a curiosidade para a leitura e
escrita; orientar os alunos na confecção dos folhetos e possibilitar a técnica
de xilogravura para confecção das capas dos cordéis.
Assim, utilizamos a mesma metodologia no
Ensino Fundamental e no Médio, porque o estudo da Literatura de Cordel não é
muito aprofundado pelas escolas. Nesse sentido, a atividade proposta pôde ser
efetuada nos dois níveis da mesma maneira. Optamos por trabalhar com a mesma
metodologia com ambas as turmas, pois temos consciência de que as turmas são
heterogêneas e, de tal forma, obteríamos resultados diferentes. Assim,
ilustramos a diversidade presente na escola e as diferentes formas de
interpretação, criação e leitura dos alunos.
Inicialmente, apresentamos nossa proposta
de trabalho e os objetivos que pretendíamos alcançar ao final do projeto. A
seguir fizemos leituras de alguns folhetos de Cordel com os alunos; contamos
sua origem; destacamos personagens importantes; trabalhamos com os elementos do
Cordel e as etapas de confecção de um folheto. Ao final os alunos produziram
seu próprio cordel, fizeram a leitura do mesmo e expuseram na sala de aula,
pendurados em cordões escola.
Conclusão:
Ao final do Projeto: O Cordel em sala de aula, obtivemos resultados satisfatórios. Percebemos que os alunos compreenderam o que é a Literatura de Cordel, suas características, elaboração e importância como Gênero Literário oral. Mas, principalmente, notamos um grande interesse dos alunos pela leitura dos folhetos e o entusiasmo para confecção dos seus próprios. Portanto, acreditamos ser um interessante meio de aproximar os alunos da leitura, cogitando algo diferente do que estão habituados, despertando o interesse e o prazer pela leitura do Cordel e, consequentemente, de outras obras ao longo de suas vidas.
Materiais Didáticos para Educação Infantil :
Livros infantis para baixar: http://www.educardpaschoal.org.br/web/leia-nossos-livros-ver.asp?cid=10
Literatura de cordel:
http://infantilidades.com.br/category/literatura-de-cordel
Áudio do livro Meu cordelzinho de histórias:
http://www.nacaocultural.pe.gov.br/audiolivro-infantil-meu-cordelzinho-de-historias3/
Chapeuzinho vermelho – Literatura infantil recontada em cordel:
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/153457
Literatura de cordel para crianças:
http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=130
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