quinta-feira, 14 de junho de 2012

Literatura de Cordel contribui para o letramento

         
           A linguagem da Literatura de Cordel é a linguagem do povo e os poetas dessa literatura eram tão simples quanto às pessoas que compravam esses folhetos. Enquanto literatura oral, a poesia popular já existe há mais de 3.500 anos. No Brasil, o cordel chegou trazido de Portugal, onde era vendido como “folhas soltas”, mas foi com o poeta Leandro Gomes de Barros, nascido em Pombal, que ele ganhou notoriedade. Foi ele quem primeiro passou a editar e comercializar, no final do século XIX, o folheto na forma tal como temos atualmente, por isso, é considerado o patriarca dessa expressão popular e a Paraíba é tida como berço da Literatura de Cordel.
Os próprios poetas escreviam e confeccionavam as capas dos folhetos, utilizando uma técnica de impressão chamada Xilogravura. O Cordel era vendido nas barracas das feiras livres, pendurado em cordões e recitado ou cantado pelos poetas violeiros para atrair os compradores. Ele já foi, no interior do nordeste, o jornal, a música, e, muitas vezes, o único contato com a leitura, servindo também para alfabetização. O hábito de ler cotidianamente o cordel fez surgir no nordeste poetas de expressão como Patativa do Assaré e revelar a música de Luiz Gonzaga (DINIZ, 2005).
  Segundo Vera Teixeira de Aguiar no texto Adaptar para Ler, “adaptar significa adequar a situação ao sujeito que vai vivenciá-la” (2001, p. 74) e assim era feito pelos cordelistas que liam as obras clássicas e as adaptavam em folhetos, facilitando o acesso à leitura dessas obras para os nordestinos.  De acordo com Renato Carneiro Campos: 
São estórias que quebram a solidão do trabalhador rural, ajudando-o ao mesmo tempo, a suportar a sua miséria atual, por um mecanismo de projeção que o identifica com os heróis da narrativa. Costumam ser lidos e relidos nos momentos de folga do trabalhador, por algum membro da família, por um amigo, ou qualquer pessoa da localidade que saiba ler. Na verdade, constituem esses livrinhos vendidos nas “feiras” do Nordeste Brasileiro, verdadeiro documentário de costumes da nossa gente rural. Neles estão registradas as impressões do povo a respeito de acontecimentos sucedidos no município, no Estado, em todo o país. É a maneira de ver e analisar os fatos sócias, políticos e religiosos, da gente rude do interior nordestino, fotografada nas páginas dos folhetos, denunciando costumes, atitudes, preferências e julgamentos. (CAMPOS,1977, p. 10).

A Literatura de Cordel é um gênero de grande importância para o Nordeste, além de retratar o cotidiano do nordestino era uma forma de compensar as dificuldades sofridas pela população.  Bernardo Jefferson de Oliveira (2003) em O carteiro, o professor e o poeta, trata dessa importância da poesia na vida das pessoas, pois é uma forma de se ir além dos problemas da vida, uma espécie de fuga e realização. Muitos folhetos contam histórias de heróis que vencem pela esperteza e tratam a inteligência como fator de adaptação do indivíduo ao meio ou situações difíceis, sendo capaz de vencer questões aparentemente impossíveis de serem vencidas pelo ser humano. Esta forma de astúcia não é adquirida na escola, mas da própria experiência de vida. Dessa maneira os leitores conseguiam se identificar com o personagem “falso oprimido” que geralmente eram os grandes heróis.
Foi verificado no próprio PPP da escola que a mesma tem o objetivo de proporcionar ao aluno o contato com diversos tipos de leitura. Trabalhando com o Cordel em sala de aula, proporcionamos mais um tipo de leitura para o desenvolvimento crítico-argumentativo dos alunos.
É certo que o ato de ler é efetivado na Escola e que a leitura é o “carro chefe que nos leva ao conhecimento”. Assim, a Escola tem um papel fundamental de conduzir o educando ao universo da leitura.
Levar a Literatura de Cordel até a escola significa oferecer um importante e motivante meio de educação aos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Através da poesia popular, o aluno pode conhecer aspectos de um espaço geográfico e cultural particular do Brasil, o nordeste, pois o cordel retrata a cultura, o cotidiano, a realidade de um povo e também pode retratar qualquer outro assunto. Ter o cordel na escola pode representar um passo extremamente valioso para o devido conhecimento e resgate desse tipo de Literatura. Por fim, trabalhos como esses proporcionam aos alunos a oportunidade de apreciar a riqueza e expressividade dessa cultura.
O cordel pode conduzir o leitor a uma viagem fascinante, a um universo textual completamente diferente do habitual, onde a rima é um dos elementos que atrai e desperta a curiosidade, além de aflorar a sensibilidade artística.

 “O Cordel em sala de aula”:  Execução
Nesse projeto traçamos diversos objetivos, tais como: envolver o educando em um estudo voltado à Literatura de Cordel, abordando sua estrutura literária e seu contexto histórico; relacionar a cultura popular e a sociedade; estimular a curiosidade para a leitura e escrita; orientar os alunos na confecção dos folhetos e possibilitar a técnica de xilogravura para confecção das capas dos cordéis.
Assim, utilizamos a mesma metodologia no Ensino Fundamental e no Médio, porque o estudo da Literatura de Cordel não é muito aprofundado pelas escolas. Nesse sentido, a atividade proposta pôde ser efetuada nos dois níveis da mesma maneira. Optamos por trabalhar com a mesma metodologia com ambas as turmas, pois temos consciência de que as turmas são heterogêneas e, de tal forma, obteríamos resultados diferentes. Assim, ilustramos a diversidade presente na escola e as diferentes formas de interpretação, criação e leitura dos alunos.
Inicialmente, apresentamos nossa proposta de trabalho e os objetivos que pretendíamos alcançar ao final do projeto. A seguir fizemos leituras de alguns folhetos de Cordel com os alunos; contamos sua origem; destacamos personagens importantes; trabalhamos com os elementos do Cordel e as etapas de confecção de um folheto. Ao final os alunos produziram seu próprio cordel, fizeram a leitura do mesmo e expuseram na sala de aula, pendurados em cordões escola.

Conclusão:

Ao final do Projeto: O Cordel em sala de aula, obtivemos resultados satisfatórios. Percebemos que os alunos compreenderam o que é a Literatura de Cordel, suas características, elaboração e importância como Gênero Literário oral. Mas, principalmente, notamos um grande interesse dos alunos pela leitura dos folhetos e o entusiasmo para confecção dos seus próprios. Portanto, acreditamos ser um interessante meio de aproximar os alunos da leitura, cogitando algo diferente do que estão habituados, despertando o interesse e o prazer pela leitura do Cordel e, consequentemente, de outras obras ao longo de suas vidas.

Materiais Didáticos para Educação Infantil :


Literatura de cordel:
http://infantilidades.com.br/category/literatura-de-cordel
Áudio do livro Meu cordelzinho de histórias:
http://www.nacaocultural.pe.gov.br/audiolivro-infantil-meu-cordelzinho-de-historias3/
Chapeuzinho vermelho – Literatura infantil recontada em cordel:
http://www.recantodasletras.com.br/cordel/153457  
Literatura de cordel para crianças:
http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=130



Nenhum comentário: